Não basta uma transição rumo a energias renováveis e limpas. Tal mudança precisa ser justa, garantindo a criação de oportunidades de empregos verdes e a participação da sociedade civil e de comunidades em situação de vulnerabilidade na tomada de decisões, de forma a não deixar ninguém para trás.
Essa foi a premissa da visita realizada nesta semana pelo representante-residente do PNUD no Brasil, Claudio Providas, ao Piauí, estado que tem adotado políticas e programas para atrair investimentos em energias renováveis, incluindo eólica e solar, tendo como foco também a implantação de usinas de hidrogênio verde.
“O PNUD é o braço de desenvolvimento da ONU, estamos em mais de 150 países. Vamos dar todo nosso apoio à Conferência Internacional de Tecnologias de Energias Renováveis (Citer)”, que ocorre de 3 a 5 de junho na capital piauiense. A conferência é uma iniciativa do governo do estado, em parceria com PNUD e Instituto de Cooperação Internacional para o Meio Ambiente (ICIMA) e correalização de cerca de dez instituições.
“A Citer ocorre em um momento histórico em que estamos na metade do prazo da Agenda 2030 e não estamos atingindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, completou Providas, durante evento de lançamento da Citer no Palácio Karnak, ao lado do governador do Piauí, Rafael Fonteles, da presidente do ICIMA, Ana Paula Moura, e do vice-presidente da Investe Piauí, Ricardo Castelo. Também estavam presentes acadêmicos e representantes da sociedade civil.
O evento de lançamento da conferência foi a ocasião de outras organizações assinarem um Memorando de Entendimento com o PNUD para atuarem como correalizadoras da Citer. Assinaram o documento instituições como Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Universidade Federal do Piauí (UFPI), entre outras.
“O Piauí está tomando liderança importante. O hidrogênio verde se apresenta no mundo inteiro como promessa de recurso mais sustentável. O PNUD apoia o estado para assegurar que haja participação social” nas decisões rumo à transição energética, endossou Providas.
O governador Rafael Fonteles disse que a transição energética do estado vai significar oportunidades econômicas. “Queremos salvar a natureza, sabendo que essa opção pelo desenvolvimento sustentável vai gerar impacto na economia, na pobreza ou na riqueza dos países (...). Queremos soluções que nos livrem dos combustíveis fósseis.”
A visita a Teresina também foi a oportunidade de o representante-residente do PNUD reunir-se com o reitor da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), professor Evandro Alberto de Sousa, para discutir formas de ampliar a participação da academia e da sociedade civil nas políticas relacionadas à transição energética, na troca de conhecimentos com outros países e na formação de mão de obra especializada.
A missão em Teresina encerrou-se com um encontro com o secretário de Educação do estado, Washington Bandeira, e o superintende executivo, Rodrigo Torres, durante o qual abordou-se novo projeto de parceria com o PNUD, que será assinado para melhorar a análise de dados territoriais e a gestão do setor de forma a ampliar as capacidades dos professores e os índices de aprendizagem no Piauí.
Atualmente, a Secretaria de Educação do Piauí já tem parceria com o PNUD em um programa de educação ambiental que está sendo ministrado nas escolas da Chapada das Mangabeiras, região que abriga cinco municípios afetados por processo de desertificação. O PNUD tem um projeto na região para apoio a agricultores familiares e aumento de capacidades da gestão pública em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH).