Durante três dias, serão debatido temas voltados a transição energética mais democrática, além da realização de negócios na área de produção de energia sustentável e limpa
A Conferência Internacional de
Tecnologia das Energias Renováveis – CITER foi oficialmente aberta, nesta segunda-feira
(3), no Centro de Convenções de Teresina. Na presença de alunos, docentes e
diversas autoridades federais, regionais e locais, o governador do Piauí, Rafael
Fonteles, e a presidente do Instituto de Cooperação Internacional para o Meio
Ambiente (ICIMA), Ana Paula Moura, deram as boas-vindas para os participantes.
O encontro terá três dias, e mais de 40 painéis, entre outras atividades.
Atualmente, o estado do Piauí é
um dos líderes no âmbito nacional na geração de energia eólica e solar, motivo
que levou a unidade federativa a levar a conferência para lá. Diante disso, a
presidente do ICIMA agradeceu ao governo pelo empenho.
“Essa é uma grande conferência. Chegamos
a esse momento muito felizes. Chegamos aqui graças ao desejo do governador Rafael
Fonteles, que quis debater o futuro das energias renováveis. O senhor poderá
dizer que aqui ocorreu o maior evento de energias renováveis do ano de 2024 e,
em breve, o senhor poderá dizer que o Piauí é o principal estado na transição
energética”, afirmou a presidente do ICIMA.
Para o chefe do Executivo
piauiense, a realização da CITER em Teresina servirá para consolidar seu
estado, em um futuro próximo, como o principal polo de produção de energias renováveis.
“Esse é um momento histórico para o estado do Piauí. Esperamos que fique aqui
um legado de consciência para o estado, para o Brasil e para o mundo. A CITER
não é apenas para ter o Piauí na foto. Queremos que a CITER esteja todos os
anos aqui, para que fiquemos na vanguarda das discussões da transição energética”,
afirmou o governador. “Essa é a nossa grande oportunidade do Nordeste, em especial para o Piauí, que pode liderar este momento. Mas precisa ter prioridade nacional,
pois do contrário perderemos o bonde da história.”
Fonteles destacou que a transição
energética é uma das prioridades de sua gestão, entretanto, ele alertou
que todo esse processo deve ser mote para a geração de emprego, de renda, novas
tecnologias e de preocupação com a comunidade local.
“O governador tem tratado a
transição energética como um dos pilares. Temos alguns deles. Esse evento
demonstra a importância desse setor para o estado do Piauí. Ele carrega na sua
identidade, o compromisso com o sustentável”, garantiu o presidente da Investe Piauí,
Hugo Almeida.
Mudanças climáticas
A ministra de Ciência, Tecnologia
e Inovação, Luciana Santos, alertou sobre os efeitos que as mudanças climáticas
estão tendo no mundo e, mais recentemente, no Rio Grande do Sul, com a catástrofe
de grandes proporções que ainda causam danos às famílias e ao estado como um
todo, devido às cheias na capital Porto Alegre e em cidades do interior.
“A crise climática está posta,
não é algo do futuro, como ocorreu no Rio Grande do Sul. Essas tragédias são cada
vez mais presentes pelo mundo, mas com impacto mais devastador nos países em
desenvolvimento. Tudo isso nos impõe uma reflexão ainda maior de formas sustentáveis
de produção de energia, que reduzem a emissão de gases do efeito estufa e
combate as mudanças climáticas”, afirma a chefe da pasta. “Precisamos somar
forças para dar saltos maiores.”
Chefe interino do Ministério do
Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome, Osmar Júnior
alertou a necessidade de se realizar a transição energética com foco, também, na guerra contra à pobreza,
em especial, com preços acessíveis para os consumidores mais carentes.
Esperança de bilhões
O representante residente do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Claudio Providas afirmou,
durante sua fala, que a realização da CITER vai além da conferência, desaguando
numa mudança mundial que pode salvar vidas e o planeta. “Este evento representa um projeto ambicioso e
a esperança de bilhões de pessoas no mundo. Falhar nos nossos objetivos não é
uma opção viável. A pobreza persistente e a falta de acesso aos serviços
básicos e a degradação ambiental são fatores que contribuem para o
descontentamento e o aumento de tensões. Diante desse cenário, precisamos
trabalhar juntos, usando nosso capital político. O Brasil tem que ser ator
central na transição energética. Sabemos que são necessário bilhões de dólares para
acelerar a transição, mas os impactos já podem ser sentidos, como no Rio Grande
do Sul.”
A representante das vítimas de Barragens,
do Campo, das Águas e das Florestas Maria Gonçalves reforçou o alerta em carta
para a CITER. “Desde a formação do Brasil,
os povos originários, os quilombolas e comunidades negras estiveram foram negligenciados
dos espaços de debates. Os que menos contribuem com a mudanças climáticas são
os mais prejudicados”, destacou. “É urgente reorientar o sentido do desenvolvimento
para o bem-estar das populações em seus territórios.”
O secretário nacional de Transição
Energética, Tiago Barral, do Ministério de Minas e Energia elencou diversos
investimento do governo federal para o desenvolvimento de novas matrizes, entre
elas R$ 60 bilhões para a Região Nordeste. “A Citer se destaca pela convergência
entre governos, setor privado, academia e sociedade civil. Essa é uma fórmula
de sucesso. Um dos temas é a questão do hidrogênio verde e nos de Minas e
Energias estamos nos esforçando para viabilizar isso”, apontou o secretário,
que garantiu que o Executivo tem uma estratégia para a produção de hidrogênio
verde e a criação de plantas-piloto até 2035.