Kananda Eller defende
que academia, empresários e comunidades tradicionais interajam em busca de
soluções para a proteção do planeta
Fundadora do perfil Deusas
Cientistas, a divulgadora científica Kananda Eller foi ima das palestrantes do
terceiro e último dia da Conferência Internacional de Tecnologia das Energias
Renováveis – CITER, que ocorre até esta quarta-feira (5), no Centro de Convenções
de Teresina, Piauí. Uma das mulheres mais influentes do meio científico nos
últimos anos, ela defendeu a união entre a academia, empresas do setor das
energias limpas e as comunidades tradicionais, detentoras de conhecimentos populares
que podem ajudar na preservação do planeta e no avanço das pesquisas.
Para Kananda, a divulgação do
conhecimento acadêmico é um poderoso aliado para as mudanças sociais, assim
como aprender com os conhecimentos populares. “É importante a produção desse
conhecimento, levando-o para a sociedade e dialogando com as comunidades
tradicionais. Esse diálogo precisa ser feito a partir da divulgação dos entes
que produzem o conhecimento”, afirma a especialista. “Estou bem otimista,
porque esse futuro está sendo construído no presente.”
Kananda Eller foi eleita, em
2021, a Baiana do Ano na Ciência pelo jornal Correio da Bahia. Seus trabalhos
ajudaram a popularizar o conhecimento, inclusive, por meio do programa “Ciência
Substantivo Feminino”, transmitido pelo canal GNT.
Com essas e outras credenciais, a
divulgadora alerta para os riscos da não participação da população em geral no
debate sobre como esses meios de produção serão desenvolvidos e como os moradores
de áreas afetadas pelos empreendimentos serão atingidos. “A sociedade também
precisa avançar no debate. Saber onde serão instaladas as usinas de energia
renovável para avaliar o impacto sobre aquela comunidade. Como produziremos
novos tipos de energias e se ela realmente irá beneficiar. Temos que pensar em
soluções para os diversos biomas do país”, enumera.
A divulgadora e, também,
cientista acredita que o avanço econômico e acadêmico está associado à preservação
da natureza. Para ela, as empresas que mais pensam no lucro precisarão ceder
mais para manter seu desenvolvimento. “Vivemos em uma sociedade que vive do
lucro. O que foge disso são os povos indígenas e as ribeirinhas, que por muitos
são considerados atrasados, porque vivem em harmonia com o meio ambiente”,
destaca Kananda, que alerta: “Estamos vivendo mais uma extinção, mas o grande
problema é como estamos aceitando essa extinção da Terra. Dar mais valor a uma
nota de papel do que a uma árvore mostra como nos relacionamos com o planeta.”
Divulgação
Kananda Eller acredita que os acadêmicos
e cientistas precisão se comunicar melhor com a sociedade e que conferências
como a CITER contribuem para que essas informações cheguem a população. “O que
ocorre dentro das universidades e das empresas estão sempre distantes das
pessoas comuns. Os cientistas não são treinados para falarem com o público.
Exemplo disso foi quando veio a pandemia – de covid-19 –, que virou terreno
fértil para a desinformação por conta da distância entre a ciência e a
sociedade.”
Ela alerta, ainda, para a
produção de conhecimento científico. Segundo a divulgadora, a atual ciência é
feita por uma maioria de pesquisadores brancos e de classes altas.